Com isso, o Bradesco se soma a Itaú Unibanco, Caixa e Banco do Brasil (BB), que também lançaram medidas desse tipo nos últimos meses em meio à crescente pressão de novos concorrentes.
A oferta de serviços digitais para os clientes tem reduzido o fluxo das agências bancárias, enquanto a adoção de novas tecnologias gera mais eficiência da porta para dentro, disse ao Valor André Cano, vice-presidente responsável pelas áreas jurídica, de recursos humanos, operações e tecnologia do Bradesco. “Estamos buscando ajustar o quadro a esse ganho de produtividade de alguma forma”, afirmou. “Também geramos oportunidades para os mais jovens.”
A iniciativa é voltada sobretudo a funcionários mais velhos e com mais tempo de casa. Na rede de atendimento, são elegíveis os profissionais já aposentados ou aptos a se aposentar. Nas demais áreas, é preciso cumprir esses requisitos e também estar há pelo menos 20 anos na instituição. O prazo de adesão vai de 2 de setembro a 16 de outubro.
O Bradesco vai oferecer, em parcela única, 60% do salário fixo por ano de trabalho, limitado a 12 anos; plano de saúde e odontológico por 18 meses; e seis meses de vale-alimentação.
A expectativa é que o novo PDV seja um pouco menor que o programa adotado em 2017, que teve cerca de 7,5 mil adesões e um custo de R$ 2,3 bilhões para o banco. “O público-alvo é um pouco menor porque algumas condições são diferentes”, afirmou Cano. Naquela ocasião, eram elegíveis funcionários com mais de dez anos no grupo.
O PDV de dois anos atrás foi o primeiro da história do Bradesco, que então buscava eliminar sobreposições geradas pela compra do HSBC no Brasil. Agora, a motivação é outra. Com a iniciativa, o banco tenta responder ao impacto das novas tecnologias em suas operações. A instituição tinha 99,2 mil funcionários no fim de junho.
O programa não altera a previsão do Bradesco de fechar cerca de cem agências neste ano, de acordo com o executivo. No primeiro semestre, foram encerradas 36 unidades, reduzindo o total para 4,581 mil. “A gente olha de forma constante o resultado e o fluxo de cada agência”, disse Cano. “Mas o grande movimento de fechamento foi em 2017, quando encerramos mais de 500 por causa da incorporação do HSBC.”
O PDV vem num momento em que o Bradesco enfrenta pressão, de um lado, na receita de serviços por causa da chegada de novos competidores e, de outro, nas despesas operacionais para se adaptar aos novos tempos.
No primeiro semestre, as despesas administrativas e com pessoal somaram R$ 20,775 bilhões, alta de 6,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Com isso, o banco ficou fora da projeção para o ano, que prevê crescimento de 0% a 4%.
Na divulgação dos resultados, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., atribuiu o aumento das despesas à adoção de um programa de remuneração variável para funcionários, inexistente até o ano passado, e também a investimentos relacionados ao crescimento do negócio. A instituição tem investido na digitalização do banco tradicional, ao mesmo tempo em que aposta no digital Next.
Segundo Cano, o custo relativo ao PDV será integralmente provisionado pelo banco no quarto trimestre. A economia decorrente dos desligamentos será vista daí para a frente, acrescentou. “O programa deve ajudar no processo de redução das despesas”, afirmou.
Nos últimos meses, os grandes bancos adotaram iniciativas para reduzir custos e melhorar a eficiência. O Itaú fechou 195 agências no segundo trimestre, reduziu o quadro de funcionários e lançou um PDV – cujo prazo de adesão termina hoje – elegível para 6,9 mil funcionários.
O BB, por sua vez, anunciou um programa de reorganização que, no fim do processo, resultará no fechamento de 242 agências. Um PDV foi aberto apenas para as pessoas das áreas relacionadas a essas mudanças, e poderá levar a uma redução de pouco mais de 2 mil funcionários no quadro do banco, composto por 96,6 mil.
A Caixa também lançou um PDV, ainda vigente, que tem público-alvo de 3,5 mil funcionários. Em contrapartida, está convocando aprovados no concurso realizado em 2014.
Fonte: Valor Econômico